Olá, eu sou Aline Nalla, psicóloga e psicanalista, e hoje trago um tema que é o foco da campanha Setembro Amarelo: a prevenção do suicídio.
Essa campanha brasileira teve início em 2015, capitaneada pelo CVV – Centro de Valorização da Vida, em parceria com o Conselho Federal de Medicina – CFM e a Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP.
O tema do suicídio ainda é um tabu em nossa sociedade, mas é preciso falar sobre algo que é tão caro para mim: a saúde mental. Os números são alarmantes.
De acordo com a OMS, a cada ano, mais de 700 mil pessoas tiram a própria vida, o que significa um caso a cada 40 segundos. É a quarta maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. No Brasil, ocorrem 44 suicídios por dia.
O Instituto Cactus divulgou recentemente o perfil mais crítico para a saúde mental:
- Grupo não-cis e não heterossexuais;
- Jovens mulheres entre 16 e 24 anos, solteiras, separadas ou grávidas;
- Homens desempregados;
- Pais com filhos até 17 anos;
- Falta de conexão social e satisfação com relacionamentos;
- Preocupação financeira crônica ou aguda.
No início da minha atuação clínica, tive uma paciente por um período muito curto, apenas cinco sessões. Ela era uma mulher cisgênero, heterossexual, com mais de 60 anos, desempregada após uma carreira de sucesso como executiva em uma multinacional, sem plano de saúde, sem rede de apoio, em um relacionamento abusivo, com fortes dores no corpo decorrentes de um reumatismo e insônia frequente. Ela optou pela decisão mais drástica e irreversível que alguém pode tomar para interromper o sofrimento: a morte.
No entanto, é possível reverter quadros de ideação suicida com psicoterapia, em associação com medicação ou não, e utilizando recursos naturais para a saúde mental, como o ambiente em que está inserido, rede de apoio (familiares, amigos, escola, grupos religiosos, etc.) e autocuidado (meditação, exercício físico, leituras).
Atualmente, apenas 5% dos brasileiros fazem psicoterapia há menos de 1 ano, e 16% consomem continuamente medicação psiquiátrica, sendo que 73% delas são prescritas por médicos não psiquiatras.
Se você quiser saber mais sobre a campanha de prevenção ao suicídio, Setembro Amarelo, pode entrar no site https://setembroamarelo.org.br.
Se puder, faça terapia. E termino minha fala recorrendo a Freud: “A ciência moderna ainda não produziu um medicamento tranquilizador tão eficaz como são umas poucas palavras boas”.
Por hoje, ficamos por aqui.